Exportar Portugal. A diplomacia cultural e as estratégias de rebranding do Estado Novo nos Estados Unidos (1933-1974)
SOBRE ExPORT
ExPORT examina como, entre 1933 e 1974, o regime do Estado Novo utilizou nos EUA o soft power da diplomacia cultural para atingir objetivos internacionais e estratégias de ‘national rebranding’ para transformar a imagem do país no sentido da inflação do orgulho nacional e do combate às perceções negativas no estrangeiro.
O projeto visa entender o modo como a promoção da cultura, da paisagem, da comida e da música foram usados para preservar relações estáveis, impulsionar a economia e manter o controlo e o apoio da comunidade luso-americana.
HIPÓTESE PRINCIPAL: UMA HISTÓRIA DE ALTOS E BAIXOS
A principal hipótese é que o Estado Novo intensificou o soft power para compensar as deficiências dos canais diplomáticos formais, em períodos nos quais as relações com os EUA estavam prejudicadas. Para compensar esta fragilidade, estas práticas serviram como um instrumento para segurar tanto os interesses geopolíticos do regime como a sua estabilidade interna. A hipótese é baseada na análise preliminar dos Orçamentos de Estado que mostram como as despesas com a diplomacia cultural aumentaram em 4 períodos cruciais nas relações entre Portugal e EUA: a viragem atlântica do regime (1939-43); o pico da migração portuguesa para os EUA, o início da crise indiana, a adesão de Portugal à ONU (1953-56); as tensões com Kennedy e o início das guerras coloniais (1961-62); o processo de “national rebranding” durante a primavera Marcelista e o ápice dos protestos contra o regime e o império nos EUA (1968-71).
EM SUMA
O projeto interpretará o termo ‘ExPORT’ não apenas como um indicador económico, mas como um conjunto de políticas culturais; investigando-as como um instrumento situado entre a cultura, a política e a economia, através de uma análise de documentos escritos, visuais e sonoros provenientes de arquivos portugueses e americanos.
PARCEIROS
Para garantir uma elevada atividade científica e projeções internacionais, ExPORT irá colaborar de forma continuativa com o seu conselho de consultores e com parceiros institucionais portugueses e norte-americanos, nomeadamente: o Department of Portuguese and Brazilian – Brown University; o Ferreira Mendes Archives – University of Massachussets, Dartmouth; o Arquivo de História Social do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e a Universidade Autónoma de Lisboa
FINANCIAMENTO
ExPORT é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P. – REF. 2022.08653.PTDC e esta baseado no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa
linhas de investigação
1. Vender o Estado Novo
Os objetivos políticos e económicos do soft power do Estado Novo
A primeira linha de investigação analisa a dimensão política e económica da diplomacia cultural do Estado Novo nos Estados Unidos, com foco nos atores e práticas que ligaram a esfera cultural e económica. O objetivo é examinar como os atores governamentais e não governamentais, e os intermediários das lobbies, promoveram objetivos orientados para a economia nos Estados Unidos como parte das atividades de soft power.
2. Difusão de mensagens
Propaganda, jornalismo e cinema.
Esta linha de investigação examina como as políticas de rebranding do Estado Novo promoveram uma imagem favorável do regime na imprensa e na indústria do entretenimento dos EUA. A tese principal baseia-se na hipótese que o Estado Novo utilizou algumas imagens-símbolo da identidade nacional tal como os cantores e as cantoras de fado, as praias de Moçambique e a Nossa Senhora de Fátima para influenciar as autoridades políticas americanas e fomentar os investimentos económicos. Analisa também a forma como o regime se apresentou nos filmes e na televisão norte-americanos para interferir e facilitar a perceção de Portugal na cultura popular dos EUA.
3. Envolvimento/controlo
Comunidade luso-americana da nova inglaterra
A terceira linha de investigação analisa as ações de rebranding e soft power que o Estado Novo utilizou relativamente às comunidades Luso-Americanas da Nova Inglaterra para influenciar e promover um ativismo de comunidade que apoiasse o Estado Novo nos Estados Unidos. Ao estudar as complexas respostas das comunidades migrantes que apoiaram e rejeitaram o salazarismo nos quatro períodos de tensão identificados pelo projeto, esta linha de investigação irá mapear os esforços do regime para reforçar os seus interesses geoestratégicos nos Estados Unidos através do apoio e da sincretização com os objetivos das lutas de mobilidade social e revindicação salarias dos trabalhadores imigrados.
4. Representar o estado novo
Arte, fotografia e arquitetura efémera
Esta linha de investigação examina como as políticas de rebranding do Estado Novo promoveram uma imagem favorável do regime na imprensa e na indústria do entretenimento dos EUA. A tese principal baseia-se na hipótese que o Estado Novo utilizou algumas imagens-símbolo da identidade nacional tal como os cantores e as cantoras de fado, as praias de Moçambique e a Nossa Senhora de Fátima para influenciar as autoridades políticas americanas e fomentar os investimentos económicos. Analisa também a forma como o regime se apresentou nos filmes e na televisão norte-americanos para interferir e facilitar a perceção de Portugal na cultura popular dos EUA.
5. Estudar em Portugal
Intercâmbios educativos de estudantes e professores americanos em Portugal
Esta linha de investigação analisa como o Estado Novo utilizou intercâmbios educativos, e especificamente a presença de alguns investigadores e estudantes americanos escolhidos que vieram para Portugal para uma experiência de estudo a curto prazo, na tentativa de promover uma imagem positiva do regime no meio da população americana mais culta.
Os membros de trabalho irão analisar tanto as primeiras formas de interação já estabelecidas durante o período inicial do Estado Novo pela Junta Nacional de Educação, como os programas de intercâmbio mais sofisticados iniciados após a Segunda Guerra Mundial, em particular, depois da inclusão de Portugal no acordo Fullbright em 1960.
timeline
Maio 2023
Abertura da Exposição O espetáculo do Poder. Política e Exposições (1934-1940)
Junho 2023
Rui Lopes participa na conferência "Branding Mediterranean Europe: Tourism, Transport, and National Identity, 1945-1990
Junho 2023
Luís Nuno Rodrigues em missão nos National Archives (Washington, D.C.)
Verão 2023
Miguel Moniz em missão no New England
Janeiro 2024
Luís Nuno Rodrigues apresentou o paper Cold War and Educational Exchanges: The Fulbright Program in Portugal Luis Nuno Rodrigues (ISCTE-University Institute of Lisbon) na Universidade Pompeu Fabra de Barcelona
Fevereiro 2024
Annarita Gori apresentou o paper “The Spectacle of Power. Exhibitions and Politics during the 1930s” na Universidad de Girona
Abril 2024
Miguel Moniz apresentou o paper "Estado Novo Cultural Diplomacy and Political Influence Operations in the United States. A Context for Immigrant Community Responses to the 1974 April Revolution in Portugal" na Universidade de Massachusetts, Dartmouth
Julho 2024
Projeto ExPORT organiza escola de verão
Julho 2024
A equipa de ExPORT participa na ASPHS 2024 Annual Conference
Julho 2024
Ensaio audiovisual “Aventuras no Império: uma história mal contada” de Rui Lopes exibido no âmbito da exposição “Chão é Lava!” promovido pela Culturgest
Agosto 2024
Rui Lopes apresenta o seu ensaio audiovisual “Aventuras no Império: uma história mal contada” numa palestra-performance na Culturgest
Outono 2024
No âmbito de uma estadia de investigador visitante do Instituto Remarque da Universidade de Nova Iorque, Rui Lopes desenvolve uma investigação sobre a dimensão diplomática e a economia política do cinema de espionagem dos anos 1960-70
MEMBROS DA EQUIPA
CONSULTORES
Ellen W. Sapega
wisc-Madison’s
Onésimo Teotónio Almeida
Brown University
Michael Baum
FCH